Sunday, June 03, 2007

O Padilha

Reforma é o inferno.
Imagino que construir também o seja, mas reforma é o inferno.
Aparecem pessoas como o Padilha na vida da gente. De onde surgem estas figuras?
A gente sempre acha que a reforma é algo simples, trocar piso, construir uma parede ali e trocar a porta e grade de lugar.
Simples, porém complexo.
O piso será (?) simples, se não se considerar a mudança de todos móveis que não sejam dos banheiros e cozinha, mas a tarefa é executável. Contratando o assentador que a loja indicou, profissional sério, de confiança e competente, imagina-se que o trabalho será bom. O custo por metro quadrado é pouco acima do pesquisado, mas o profissionalismo da visita e idéias dadas pelo assentador facilitam a decisão. Quinze minutos de conversa com um profissional chamado de "assentador" renderam mais que as prosas com estagiárias, projetistas e arquitetas consultadas (todas mulheres).
Para a subida de paredes foi procurado o "seu" Neri, senhor pouco surdo, hoje construtor de casas por empreitada, vizinho e prestador de serviços pro sogro. Pessoa simples, outrora desenhista de projetos, mas quando as vistas cansaram, foi para a colher de pedreiro.
E as grades? A princípio se perderia as atuais, pantográficas, colocando um sistema que alia-se segurança e estética. Perderia-se as atuais em prol de novas. Custo maior, tudo bem. Quem sabe aliviado pela venda do que seria retirado, mas isto seria em outro momento.
Quem contratar? Vamos procurar a empresa que fez as grades faz 7 anos. Lá nos informam que deixaram o universo da serralheria de ferro, hoje só trabalham com alumínio e vidro, mas tem o Padilha. Ganho o número dele.
Ligamos pro Padilha, atende o filho, marco dia e hora. A esposa receberá o profissional.
Coincidentemente ligo para casa no momento da primeira visita do Padilha. Comento com minha esposa, pergunta pra ele se... ela me interrompe:
- Não espera muito do.. da...
O Padilha tava na volta, entendi a mensagem.
No resto da semana boas indicações do Padilha e um orçamento interessante, fazem que marquemos uma visita no sábado. Para rever o orçamento, confirmar medidas.
Padilha traz o filho, pelo menos acho que seja filho, pois só a genética explicaria a "parecença", o acaso não brincaria colocando duas pessoas iguais na mesma cidade.
Não tem como explicar o que se passou. A confusão de números, a dificuldade de explicar o que se queira (sim, imagino que eu explique de maneira muito émbaralhada o que desejava), as medidas estranhas que se fazia.
Por sorte lembro da báscula da cozinha, ali estava o que eles imaginavam fazer. Exatamente o que eu não queria fazer. A coisa facilitou bastante.
Padilha não, nunca, jamais.
A recisão aconteceu tranquilamente, conduzindo Padilha e filho para a saída, antes anotaram outros números, não medidos, ficaram de mandar orçamento, beleza.
Padilha & Filho saem, a esposa se pergunta o porquê revisara todas revistas de construção e reforma na busca de fotos de grade.
Eu só pensava no próximo "Padilha" que apareceria, desta vez bem preparado.
Após uns quinze minutos de conversa, mateando, tomamos a decisão: nada de grade nova, pegaremos a janela e grade atual e colocaremos na parede que surgirá. A casa vai ganhar uns míseros 6 ou 7 metros quadrados. Um canto pro Gabriel brincar, um espaço a mais para bagunçar no quarto, não sairá como imaginamos, apesar da opção de reaproveitar o atual, ter sido pauta. O Padilha ajudou o planeta: reciclaremos, pelo menos isto ameniza a impressão que deixou.
A tarde, seu Neri apareceu, caderninho na mão, entendeu o que se queria, explicou como faria e se preocupou com a logística, direta e reversa.
Por onde chegarão os materiais, onde guardar, ponto de água e descarte de rejeitos.
Gostei do seu Neri, mas que o Padilha é uma peça, ah isto é. Não duvido que peça outro orçamento, mas daí seria sacanagem com um pai de família ao dispor do tempo dele.
Este Padilha.

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